A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já atinge proporções epidêmicas. Considerando esse fato, outubro foi escolhido mês de luta contra a obesidade tendo o dia 11 e 16 de outubro como Dia Nacional de Prevenção da Obesidade e Dia Mundial da Alimentação, respectivamente. Tem como objetivo estimular as pessoas a optarem por atividades preventivas e saudáveis. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta uma prevalência de 1,6 bilhões de adultos com sobrepeso no mundo, sendo que 400 milhões destes são obesos. No Brasil, 47% da população apresentam diagnóstico de sobrepeso, e 13% das mulheres e 9% dos homens apresentam obesidade .
Uma pessoa pode ser definida como obesa quando existe excesso de gordura em relação à massa magra. Através do cálculo de Índice de Massa Corpórea (IMC), basta dividir seu peso em quilogramas pela altura ao quadrado (em metros), é possível saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua estatura.
É bem estabelecida a relação da obesidade com as complicações para a saúde. A lista de complicações é longa, destacando-se o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM tipo 2), as dislipidemias (colesterol elevado), a apneia do sono, as doenças cardiovasculares, osteortrites e alguns cânceres. Quanto maior o excesso de peso, maior é a gravidade da doença. Estudos demonstraram que o excesso de gordura na parte superior do corpo, denominado obesidade central, andróide ou abdominal, é o que mais frequentemente se correlaciona com aumento da mortalidade.
A obesidade abdominal é característicamente encontrada no sexo masculino e pode acompanhar elevação da pressão arterial, da glicemia de jejum e dos triglicerídeos, e redução do nível de colesterol HDL (colesterol bom). Essa situação clínica recebe o nome de Síndrome Metabólica (SM) e está associada a um risco aumentado de eventos cardiovasculares (infarto e derrame) e mortalidade. As mulheres apresentam mais frequentemente uma obesidade ginecóide, com maior concentração de gordura nos quadris e coxas, com menor risco cardiovascular.
Outra questão importante a ser discutida é o aumento da prevalência da obesidade infantil. Nos últimos 10 anos, a obesidade infantil dobrou entre crianças de 6-11anos e triplicou entre as idades de 12-17anos. A história natural da obesidade tem demonstrado que 80% das crianças obesas serão adultos obesos. Além de todos problemas metabólicos da saúde da criança obesa como dislipidemias, inflamações crônicas, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, complicações ortopédicas, apneia do sono, esteatohepatite não alcoólica e puberdade precoce, existe ainda o acometimento psicológico com o grande número de crianças que sofrem “bulling” por não fazerem parte do estereótipo de magreza imposto pela sociedade.
Diante desta verdadeira epidemia de obesidade infantil a que assistimos nos dias de hoje, as medidas básicas de controle e de modificação dos hábitos de vida podem e devem ser instituídos o mais precocemente. A medida preventiva da obesidade infantil é sempre a participação ativa dos pais em relação à alimentação dos filhos tanto no ambiente familiar quanto no ambiente escolar.
A restrição alimentar de forma radical nunca é aconselhável. O que se orienta é que o consumo de gorduras e doces não seja uma rotina e, no caso das crianças que os pais reduzam a compra de alimentos e preparações hipercalóricas. A prática de exercícios físicos deve ser incentivada, pois está diretamente relacionado com o controle alimentar durante o tratamento da obesidade, além de propiciar a melhora da alto-estima.
Nesse momento é fundamental que se consiga informar a sociedade com o intuito de incentivar a prática de exercícios físicos e a manutenção de uma dieta equilibrada e mostrar para a população que a obesidade não acarreta apenas problemas estéticos, mas também problemas sérios de saúde como hipertensão, diabetes, infarto do coração, câncer, depressão e derrames cerebrais . Em casos específicos, o tratamento com medicamentos ou intervencionista (cirurgia ou procedimentos endoscópicos) deve ser utilizado como adjuvante do tratamento nutricional e comportamental, sempre sob orientação e prescrição médica.
Dr João Saes Braga (Cardiologista)
CRM: 116.834